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Hoje é sábado, eu sei que muita gente quer curtir o fim de semana no ritmo dançante, eu sei que o tempo não pára, e passa muito rápido... Mas, reservem apenas 10 minutinhos para essa experiência musico-poética, que ao final, pode ser transformada em horas eternas de calmaria em seus corações. Deixo aqui alguns trechos do livro "Interpretação Musical - a dimensão recriadora da "comunicação" poética, de Marília Laboissière. Não clique no "play" agora: leia primeiro o texto, depois relaxe... Anham, só então, aumente bem o volume, fique na posição que mais lhe parece confortável para ouvir música, feche os olhos, e não abra por nada...viaje...e depois me conte, se puder definir o que viu, por onde voou e o que sentiu...
"...a música trabalha de maneira contínua com figuras estéticas, indutoras de sensação, em que seu potencial, lido como afectos e perceptos, alimenta um processo transformacional equivalente à semiose ocorrida no mundo perceptivo do universo interior de cada receptor. (...) A escuta, como parte de um processo de recepção estética, é prenhe de conteúdos provenientes de uma "construção" por parte do receptor que consubstancia o percebido. Isto significa dizer que a obra se completa na escuta. É o momento em que o sujeito se presentifica e 'circula' nos meandros desse fluir sonoro, como parte dele, indo do seu território (mundo) à potência da música, numa troca sem palavras, construindo seu sentido que pode ser concebido como efeito de sensação. (...) Criar sensações é o 'potencial' que existe na música, ou seja, o possível de sua natureza, como condição e possibilidade, sob a qual ela faculta, no universo interior de cada um, o incorpóreo homem-música. São qualidades sensíveis que vão do domínio da sensibilidade ao pensamento e do pensamento à sensibilidade, numa troca incessante. Nesse movimento de troca, não existe um método capaz de criar qualidades sensíveis, mas a potencialidade marca seu processo, pois afecções e percepções não obedecem a fórmulas; elas existem em estado latente, fazendo parte da obra de arte. (...) Assim, o momento presentificado no qual arte e homem criam vida, corpo, uma forma de ser, um estado "sermúsica", constitui-se de intensidades e qualidades diferentes, exprimindo uma realidade sem que uma só palavra seja pronunciada."
Para um experiência tocante e irreversível, a sensibilidade de Maurice Ravel no 2º movimento do Concerto em Sol Maior para piano e orquestra...
Beijos doces cristalizados, e muitas pétalas de cristal caindo como plumas... :o*